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SISTEMA DE GESTÃO TERRITORIAL DA ABAG/RP

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Área de Estudo

Clima

Williams Pinto Marques Ferreira

Caracterização climática da área de atuação da Associação Brasileira de Agronegócios de Ribeirão Preto (ABAG-RP)

As características atmosféricas de um determinado local são influenciadas pelas condições reinantes no lugar resultantes da combinação de algumas grandezas físicas denominadas elementos climáticos. Tais condições são chamadas de tempo meteorológico, popularmente chamado de “condições do tempo”. O clima seria a síntese; a generalização das diferentes condições de tempo prevalescentes nesse lugar, e considera um número bem maior de dados, como a freqüência de ocorrência de alguns fenômenos meteorológicos mais comuns no local, além das condições médias de tempo. O tempo varia em curto espaço de tempo cronológico, por exemplo um dia. O clima, entretanto, varia de um local para outro principalmente devido as variações da intensidade, quantidade e distribuição dos elementos climáticos entre os quais, os mais simples de serem obtidos, e mais importantes são a temperatura e a precipitação que também são os de maior interesse no âmbito dos incêndios florestais. Desta forma, para caracterização do clima da área de atuação da Associação Brasileira de Agronegócios de Ribeirão Preto (ABAG-RP), foram utilizados a série de dados de temperatura e precipitação, coletados em estações meteorológicas pelo CIIAGRO/CEB/IAC e INMET entre os anos de 1961 e 1990, os quais foram cartografados em mapas da área de abrangência da ABAG-RP na forma de isolinhas das diferentes variáveis consideradas.

Enquanto os elementos climáticos variam no tempo e no espaço, os fatores climáticos podem ser estáticos e dinâmicos, externos e internos, e modificam os elementos do clima.

Fatores como a circulação atmosférica global normalmente sobrepõe-se a fatores locais como (altitude, proximidade do mar, cadeias de montanhas, exposição aos ventos dominantes, natureza e revestimento do solo etc.) os quais são mais importantes em sub-regiões climáticas diferenciadas.

Nesse trabalho, os seguintes elementos macroclimáticos foram considerados para definir os fatores térmico e hídrico:


A carta relativa a Classificação Climática foi confeccionada com dados gerados indiretamente a partir do balanço hídrico proposto por Thornthwaite & Mather que utiliza os dados médios mensais de precipitação e temperatura.

Foram realizados balanços hídricos climatológicos para todas as localidades que possuíam dados na área de atuação da ABAG-RP. A partir do balanço hídrico foram calculados os índices de Umidade, Hídrico, Aridez etc., os quais permitiram as respectivas subdivisões climáticas.

A área de atuação ABAG-RP, está situado entre os paralelos 19º e 22º S e os meridianos 46º a 48º W, na porção mais ao cento do nordeste do Estado de São Paulo. É composta de 86 municípios totalizando uma área de 36.724 km2, com características tipicamente tropicais e apresenta topografia variando de aproximadamente 390 a 1.030 m de altitude.

Apesar de grande parte da região apresentar elevada evapotranspiração potencial anual, as chuvas são normalmente abundantes, principalmente no verão, favorecendo a agricultura e a pecuária.

 

Regime Pluviométrico

A freqüência de ocorrência de precipitação em determinadas faixas pode ser visualizado mensalmente, assim como a distribuição de precipitação mensal caracterizando a área de atuação da ABAG-RP como região de estação de verão chuvosa e de inverno seco.

Os municípios com maiores e menores médias anuais de precipitação encontram-se na Tabela 1.


Tabela 1 – Relação dos municípios pertencentes a área de atuação da ABAG-RP com maiores e menores médias de precipitação.

Maiores Precipitações (mm) Menores Precipitações (mm)
Franca 1.545 Boa Esperanca do Sul 1.197
Jeriquara 1.530 Ibitinga 1.222
Ribeirão Preto 1.529 Borborema 1.226
Buritizal 1.524 Barretos 1.250
Igarapava 1.524 Ribeirao bonito 1.291
Altinópolis 1.517 Colina 1.295


Regime Térmico

Com relação ao regime térmico da área da ABAG, as isotermas nas Figuras A, B e C caracterizam, respectivamente, a distribuição das temperaturas médias anuais e extremas que ocorrem na estação do verão e inverno, as quais são obtidas com base nas temperaturas médias diárias coletadas nas estações meteorológicas nos horários sinópticos de 12, 15 e 21 h (GMT).

Na Figura A, visualiza-se que a leste da área de atuação da ABAG-RP encontram-se as áreas de ocorrência das temperaturas médias anuais, próxima de 21 oC, enquanto os maiores valores são alcançados quando caminha-se em direção a porção oeste da mesma área.

Na Figura B, visualiza-se que na porção oeste da área da ABAG as regiões com as temperaturas médias máximas alcançadas na estação do verão, em torno de 25 oC, e quando caminha-se em direção ao nordeste encontram-se temperaturas próximo de 23 oC em média. Tal comportamento da temperatura pode estar associado a influência da continentalidade, ou seja, a variação longitudinal da temperatura alcançando menores valores quando caminha-se em direção ao oceano.

Na Figura C, visualiza-se que a distribuição dos valores médios de temperaturas mínimas, que ocorrem na estação do inverno, os quais variam próximo de 21 oC na porção noroeste da área de atuação da ABAG-RP. Já quando caminha-se na direção sul, há redução dos valores médios, chegando-se a valores próximo de 18 oC. Nesse caso, associa-se a distribuição da temperatura a influência da variação de latitude, ou seja, maiores latitudes, menores temperaturas médias.

Deve-se considerar que além da continentalidade e da latitude, a altitude é outro fator que influencia na temperatura de uma determinada localidade.

Balanço Hídrico

Em um determinado volume de solo em estudo, pode-se contabilizar a variação de água em um determinado espaço de tempo. De maneira bem simples pode-se dizer que o balanço entre o volume de água que entrou e o que saiu num determinado volume, denominado volume de controle, representa a variação do armazenamento de água nesse volume. No estudo do clima de determinada região, o limite do volume a ser considerado está normalmente definido pelo maior alcance do sistema radicular das plantas predominantes naquele solo representativo da região na qual deve estar localizado o ponto de coleta dos elementos climáticos, em especial a chuva. Pode-se dizer então, que o Balanço Hídrico Climatológico é a contabilização da água no solo representativo da região.

Esse método climatológico é considerado simples, prático e fisicamente consistente. Foi introduzido primeiramente por Thornthwaite em 1948 como recurso para superar as limitações da classificação climática proposta por Wladimir Köppen em 1901, que até então baseava-se exclusivamente na vegetação natural como a melhor forma de expressão do clima.

Índice Hídrico

As deficiências e os excedentes de água ao longo de um ano que são caracterizados por meio do balanço hídrico podem influenciar o clima de determinada região alterando as suas condições de umidade. No caso das plantas, o excesso de água no período chuvoso, em grande parte não resolve a deficiência hídrica no período de estiagem, porém, pode amenizar tal situação principalmente, para plantas que possuem um sistema radicular grande e profundo. Essa relação, positiva ou negativa, de acordo com Thornthwaite, deveria ser representado por um Índice de Umidade (Im).

Com base na definição de que o excesso de água de 6 polegadas em uma estação compensaria uma deficiência de 10 polegadas em outra estação, Thornthwaite propôs ainda o Índices Hídrico e o Índice de Aridez, os quais caracterizariam a subdivisão dos tipos climáticos baseados no Índice de Umidade

Foi então confeccionada, após interpolação e espacialização dos dados utilizando o software ArcMapTM 9.0, a carta síntese com as isolinhas dos Índice de Umidade, Hídrico e Aridez, bem como os Índices de Eficiência Térmica e Evapotranspiração Potencial Acumulada no Verão, originados dos balanços hídricos realizados para todos os municípios que continham dados na área da ABAG-RP e áreas vizinhas. A Figura 1 expõe seis regiões distintas; sendo a área de atuação da ABAG-RP dividida segundo a Classificação Climática de Thornthwaite por dois tipos climáticos principais, úmidos e subúmido, seguindo-se de demais subdivisões desses climas. Na Figura 2 pode ser visualizado o relevo no modelo digital de elevação (MDE) da área da ABAG-RP.

Figura 1 - Classificação Climática de Thornthwaite

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Figura 2 - Classificação Climática de Thornthwaite - MDE

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Na Figura 1, observa-se a que a classe 3, maior área que vai do norte ao sul da área de atuação da ABAG, classificado como B1 r B´4 a´, corresponde ao Tipo Climático Mesotérmico Úmido, com pequena deficiência hídrica. A segunda maior área, classe 4, que vai do nordeste até o sudeste da região, classificado como B2 r B´4 a´, também corresponde ao Tipo Mesotérmico Úmido, porém com pequena deficiência hídrica.

A classe 1, classificado como B2 r B´3 a´, que abrange pequena parte do nordeste da área de atuação da ABAG-RP, corresponde ao Tipo Mesotérmico Úmido, sem ou com pequena deficiência hídrica, porém quando comparado a região da classe 4 (azul claro) apresenta menor evapotranspiração potencial anual. O clima classificado como B1 r A´ a´, predominante na classe 6, mais ao norte da área de atuação da ABAG, corresponde ao Tipo Megatérmico Úmido, com pequena deficiência hídrica.

Na parte sudoeste e oeste da região, a classe 5 é classificada com o tipo climático C2 r A´a´, ou seja, Tipo Megatérmico Subúmido, com pequena deficiência hídrica. Ao passo que uma pequena parte na porção noroeste da região, classe 2, é classificado como tipo climático C2 r B´4 a´, ou seja, Tipo Mesotérmico Subúmido, com pequena deficiência hídrica.

Com relação a evapotranspiração no período do verão, ao norte da área de atuação da ABAG-RP, o valor oscila entre 30 e 31%, e aumenta quando caminha-se em direção ao sul chagando a 33 e 35%.

Apesar da pequena variação no clima e das diferenças dos subtipos climáticos, o clima na totalidade na região é conhecido popularmente como clima de cerrado, ou da Savana Brasileira, associado principalmente a vegetação nativa de Cerrado e Mata Atlântica anteriormente predominante na área. Quando falamos do clima, nos referimos ao clima ao longo de toda a história de um lugar. Resumidamente, pode-se assumir que o clima atua direta e indiretamente sobre as condições topograficas de um lugar. O clima é um elemento que exerce forte influência no solo, vegetação e consequentemente na própria paisagem de um local. Logo, torna-se imprescindível o uso sistemático do conhecimento do clima na área de atuação da ABAR-RP para a melhor orientação dos produtores do agronegócio.

Como a abordagem desse trabalho considera o aspecto macro de clima da região em estudo, fatores de ordem local, principalmente influenciados pela topografia, como a ocorrência de geadas, não foram abordados. O resultado desse trabalho também deve ser avaliado levando-se em consideração a necessidade de revisão periódica para atualização dos dados.

Referências

ASSIS, F.N. Aplicações de Estatística à Climatologia: Teoria e Prática. Universitária/UFPel, 1996. 161p.

AYOADE, J. O. Introdução a Climatologia para os Trópicos. Bertrand Brasil, 2002. 332p.

PEREIRA, A. R.; ANGELOCCI, L.R.; SENTELHAS, P.C. Agrometrologia – Fundamentos e Aplicações Práticas. Agropecuária, 2002. 478p.

THORNTHWAITE, C.W. An approach towards a rational classification of climate. Geograpycal Review, London, n. 38, p.55-94, 1948

VIANELLO,R.L.; ALVES,A.R. Meteorologia Básica e Aplicações. UFV, 1991. 449p.

 

 

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